Uma revisão exaustiva confirmou que os tratamentos à base de canábis podem aliviar significativamente a dor nervosa crónica com efeitos secundários mínimos ou inexistentes. Publicado em Cureusa revisão destaca os canabinóides como uma alternativa promissora aos medicamentos convencionais para a dor, transformando potencialmente as opções de tratamento para milhões de pessoas.
Conclusões e metodologia do estudo
Os investigadores do Sir Seewoosagur Ramgoolam Medical College, nas Maurícias, efectuaram uma análise exaustiva da literatura existente, acabando por selecionar cinco estudos aleatórios e controlados por placebo, de 2000 a 2024. As suas conclusões sublinham que os doentes que utilizaram terapias à base de canabinóides relataram um maior alívio em comparação com os que receberam um placebo (33% vs. 15%), medido utilizando a escala visual analógica. Em particular, o CBD em formas transdérmicas mostrou uma redução pronunciada da dor aguda, de acordo com a escala de dor neuropática, com muito poucos efeitos secundários observados.
Desafios e necessidades futuras de investigação
O estudo reconhece que, embora os dados sobre os riscos e as interações a longo prazo continuem a ser limitados devido às complexidades legais e sociais em torno da canábis, as provas continuam a posicioná-la como uma alternativa inovadora. “A natureza natural dos canabinóides e a sua eficácia demonstrada na redução da dor crónica podem marcar uma mudança fundamental no tratamento da dor”, afirma o estudo.
Apesar dos debates em curso, a tendência para uma aceitação mais ampla é apoiada por resultados recentes publicados pela Associação Médica Americanaque mostram um forte apoio dos doentes e dos médicos à legalização a nível nacional. Num inquérito realizado a mais de 1600 doentes com dores crónicas e 1000 prestadores de cuidados de saúde, 71% dos doentes e 59% dos médicos manifestaram o seu apoio à disponibilização generalizada da canábis medicinal.
Complexidades do tratamento da dor neuropática
A dor neuropática, que resulta de lesões ou disfunções nervosas associadas a doenças como a diabetes, o VIH/SIDA e a esclerose múltipla, coloca desafios significativos ao tratamento. A revisão sugere que os medicamentos à base de canábis podem simplificar estas complexidades, oferecendo alívio com menos efeitos secundários em comparação com os tratamentos farmacêuticos existentes. Apela à realização de ensaios clínicos de maior dimensão para aperfeiçoar as formulações e dosagens ideais das terapias à base de canábis, a fim de expandir a sua utilização na prática clínica.
À medida que o panorama da legalização evolui, a investigação continua a sublinhar a importância da canábis como uma opção de tratamento viável para a gestão da dor crónica.