Comestíveis, vape e dabbing: o novo perfil do uso de maconha nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o consumo de cannabis está passando por uma transformação. Produtos comestíveis, vaporizadores e concentrados como o dabbing estão ganhando espaço, de acordo com um novo relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
A análise avaliou dados de mais de 1,6 milhão de adultos entre 2016 e 2022 e mostra que, embora fumar ainda seja comum, os métodos alternativos de consumo estão em alta — especialmente entre os jovens adultos.
O maior crescimento foi observado nos produtos comestíveis, como balas de goma, chocolates e bebidas com infusão de THC, cuja popularidade aumentou em 22% durante o período. O uso de vaporizadores e dabbing também cresceu significativamente, sobretudo entre os jovens de 18 a 24 anos — mais da metade dos usuários dessa faixa etária disse preferir pelo menos uma forma não fumada.
Por que essa mudança?
Especialistas apontam diversos fatores. Os comestíveis e os vaporizadores são vistos como mais discretos e socialmente aceitos, principalmente em espaços públicos. Além disso, são oferecidos em sabores e embalagens que atraem o público jovem. Para muitos, essas opções são percebidas como “mais saudáveis” do que fumar — embora os efeitos a longo prazo do consumo de vapor ou de doses elevadas de THC por via oral ainda não sejam totalmente compreendidos.
O CDC alerta que esse novo perfil de consumo traz desafios para a saúde pública. Embora os riscos respiratórios do fumo sejam bem conhecidos, os comestíveis podem levar à superdosagem, já que seus efeitos demoram mais a aparecer. Já o dabbing, que envolve a inalação de extratos altamente concentrados, pode causar efeitos intensos e aumentar o risco de dependência ou reações adversas.
O que isso representa para a saúde pública
Com a legalização da maconha avançando em vários estados, pesquisadores reforçam a importância de monitorar não apenas a frequência, mas também as formas de uso. Cada método apresenta riscos diferentes, e entender essas variações é essencial para elaborar políticas públicas e campanhas educativas eficazes.
À medida que o consumo de cannabis se torna mais comum, cresce também a necessidade de regulamentações mais inteligentes e personalizadas.
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A mudança nos hábitos de consumo reflete transformações na economia do setor. Na Califórnia, a indústria da cannabis já começa a rivalizar com o vinho em importância econômica — como mostramos em nossa análise sobre a disputa entre maconha e vinho no estado. Em Nova York, a legalização enfrenta obstáculos e atrasos, abordados em nossa investigação de 2025 sobre o mercado local. E em tempos de uso cada vez mais disseminado, questões como segurança no trânsito ganham relevância — confira nosso estudo sobre cannabis e direção.